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domingo, 8 de janeiro de 2017

A Máfia do Transporte Coletivo


Nada acontece à toa no mundo capitalista. Não se enganem que cada pequeno detalhe é pensado para gerar lucro. Os que lucram nas engrenagens do mercado, não se iluda, não ligam o mínimo para os demais seres humanos. A não ser que interfira no humano enquanto objeto, que vende sua força de trabalho. Mesmo assim, somos peças substituíveis. Portanto, cada um que utiliza transporte nesse país, principalmente em algumas capitais, conscientize-se: engarrafamentos, ônibus lotado, frotas caindo aos pedaços, falta de metrô, trens e ciclovias, tudo que gera uma porção de outros problemas, acontece porque alguns políticos favorecem empresários. Um bom exemplo foi a demora da construção do metrô de Salvador. Desde a época que o Sr. Imbassahy foi prefeito, verbas federais e estaduais foram enviadas e só aconteceu 14 anos depois, porque o Governador do Estado, Jacques Vagner tomou as rédeas do trabalho, senão nenhuma linha estaria funcionando. Os favorecidos, nos períodos anteriores, com a inexistência de opções diversas, foram os donos das empresas de ônibus. Transformaram-se na única opção de locomoção para os soteropolitanos.


Quem reside nas zonas distantes do centro ou áreas comerciais, sofre para conseguir trabalhar ou enviar os filhos para o colégio. Nessas localidades o aglomerado de pessoas é imenso, mas o transporte coletivo não atende as necessidades reais dos moradores. O tempo de espera é grande, os veículos transitam superlotados (além da capacidade segura), são sujos, cheios de baratas, quebram sempre por falta de manutenção e a tarifa paga pela multidão que os utiliza, é alta. R$3,30 é um valor abusivo para convivermos com tamanho descaso. Os reflexos disso são horas a mais que cada trabalhador leva para chegar no trabalho, engarrafamentos no horário de pico, atrasos de vários funcionários por cada ônibus quebrado ou tão lotado que mesmo carregando gente pendurada na porta, não serve à todos moradores. Observando a situação, todos perdem. Menos os empresários de ônibus. Apadrinhados por políticos, às vezes por maus sindicalistas, atrapalham o fluxo da cidade, os demais serviços cujo horário de funcionamento depende da chegada dos trabalhadores.
Analisarei dois pontos. O primeiro é que a partir do momento que o trabalhador está na rua para ir à labuta, ele já começa a exercer sua função. Se devido ao péssimo transporte é obrigado a acordar várias horas antes, teremos interferência no bem estar de quem cumprirá, em tese, 8 (oito) horas de atividade laboral. Peguemos um exemplo. Para chegar ao colégio e dar aula sete horas, em uma situação normal, um professor terá que acordar cinco e meia, preparar-se em uma hora (tempo razoável para sair sem estresse), pegando o ônibus seis e meia para fazer um percurso de quinze minutos. Bom! Entretanto, diante do risco do coletivo estar lotado ou não chegar no horário devido, tudo muda. Ele acordará quatro e meia, se quiser tomar banho, o café, arrumar material e sair para o ponto antes das seis e meia. O retorno para casa, é outra lástima. As mulheres ainda sofrem mais, pois quando chegam em casa, ou antes de sair, preparam alimentação, arrumam filhos, organizam o lar e tem poucos horas de sono. O tempo para o lazer, deixa de existir, a capacidade de pensar e executar tarefas cai e todos são prejudicados. Menos as empresas de transporte urbano.
Segundo, com o péssimo serviço oferecido ao cidadão, quem tem carro não utiliza o coletivo. Assim, a quantidade de ônibus e carros nas ruas e avenidas nos horários de ida e retorno ao trabalho, é marcado por engarrafamentos gigantescos. Sofrem todos, inclusive o estresse para os usuários e rodoviários nesse momento, é grande, pois o passageiro, principalmente aquele que está como sardinha enlatada, de pé, irritar-se-á por qualquer coisa. Só quem não sofre são os donos da empresas de transporte urbano. Como sempre. Unindo esse problema com a falta de intervenção na rede viária, as cidades travam. Querem mais? Durante os travamentos, ocorrem muito mais assaltos e acidentes. Assaltos porque os motoristas estão presos, vulneráveis. Acidentes por causa das motocicletas, bicicletas e carros dirigidos por pessoas estressadas, impacientes para obedecer as leis de trânsito. Caso fosse oferecido transporte urbano de qualidade, muitos deixariam os automóveis em casa. Se também a cidade tivesse ciclovias interligando as avenidas de vale, ruas e não só na orla para o lazer, vários trabalhadores (inclusive eu), iriam utilizar esse meio de transporte que é baratíssimo, serve para movimentar o corpo e oportuniza liberdade.

Enfim, o maior exemplo de que há uma máfia onde atuam empresários, políticos e até juristas foi o metrô de Salvador. Os prefeitos que não investiram e nem prestaram contas das verbas federais e hoje são protegidos pelo judiciário, só deram ao povo a opção do ônibus, sem fiscalização efetiva e com aumento anual da passagem. Tem usuários que acham que eles não lucram, mas calculem R$3,30 de cada passageiro por viagem. O motorista com trânsito lento ou não, tem que cumprir horário. Leve em conta a Quantidade X Qualidade X Preço. É um setor extremamente lucrativo e perverso com a população. Se não fosse, eles atuariam em outra área!

Todavia, apenas a linha 1 do Metrô de Salvador que começou a funcionar enquanto Jacques Wagner era Governador, diminuiu bastante os problemas da cidade. Agora, no governo Rui Costa, com a linha 2 funcionando no momento até o Iguatemi, muito soteropolitano está deixando o carro em casa e chegando muito mais rápido no trabalho. E diga-se, os metrôs são bem cuidados, limpos e mais seguros. Outros também deixaram os coletivos para trás e pegam o metrô. Quando funcionar até Lauro de Freitas, percorrer Salvador será muito mais fácil. Então só haverá duas opções. Ou os empresários mudam a postura em relação aos baianos, ou perderão boa parte da renda. Porém não se espantem se o próximo candidato a concorrer ao Governo do Estado, venha da velha linhagem que deu fim nas verbas pro metrô e apoiado por esses donos de empresas de transporte. Essa máfia é maior do que imaginamos. Interliga-se com Minas, terra de Aécio Neves. Então, de olho gente. Merecemos qualidade de vida.