Nada acontece à toa no mundo capitalista. Não se enganem que cada
pequeno detalhe é pensado para gerar lucro. Os que lucram nas
engrenagens do mercado, não se iluda, não ligam o mínimo para os
demais seres humanos. A não ser que interfira no humano enquanto
objeto, que vende sua força de trabalho. Mesmo assim, somos peças
substituíveis. Portanto, cada um que utiliza transporte nesse país,
principalmente em algumas capitais, conscientize-se: engarrafamentos,
ônibus lotado, frotas caindo aos pedaços, falta de metrô, trens e
ciclovias, tudo que gera uma porção de outros problemas, acontece
porque alguns políticos favorecem empresários. Um bom exemplo foi a
demora da construção do metrô de Salvador. Desde a época que o
Sr. Imbassahy foi prefeito, verbas federais e estaduais foram
enviadas e só aconteceu 14 anos depois, porque o Governador do
Estado, Jacques Vagner tomou as rédeas do trabalho, senão nenhuma
linha estaria funcionando. Os favorecidos, nos períodos anteriores,
com a inexistência de opções diversas, foram os donos das empresas
de ônibus. Transformaram-se na única opção de locomoção para os
soteropolitanos.
Quem reside nas zonas distantes do centro ou áreas comerciais, sofre
para conseguir trabalhar ou enviar os filhos para o colégio. Nessas
localidades o aglomerado de pessoas é imenso, mas o transporte
coletivo não atende as necessidades reais dos moradores. O tempo de
espera é grande, os veículos transitam superlotados (além da
capacidade segura), são sujos, cheios de baratas, quebram sempre por
falta de manutenção e a tarifa paga pela multidão que os utiliza,
é alta. R$3,30 é um valor abusivo para convivermos com tamanho
descaso. Os reflexos disso são horas a mais que cada trabalhador
leva para chegar no trabalho, engarrafamentos no horário de pico,
atrasos de vários funcionários por cada ônibus quebrado ou tão
lotado que mesmo carregando gente pendurada na porta, não serve à
todos moradores. Observando a situação, todos perdem. Menos os
empresários de ônibus. Apadrinhados por políticos, às vezes por
maus sindicalistas, atrapalham o fluxo da cidade, os demais serviços
cujo horário de funcionamento depende da chegada dos trabalhadores.
Analisarei dois pontos. O primeiro é que a partir do momento que o
trabalhador está na rua para ir à labuta, ele já começa a exercer
sua função. Se devido ao péssimo transporte é obrigado a acordar
várias horas antes, teremos interferência no bem estar de quem
cumprirá, em tese, 8 (oito) horas de atividade laboral. Peguemos um
exemplo. Para chegar ao colégio e dar aula sete horas, em uma
situação normal, um professor terá que acordar cinco e meia,
preparar-se em uma hora (tempo razoável para sair sem estresse),
pegando o ônibus seis e meia para fazer um percurso de quinze
minutos. Bom! Entretanto, diante do risco do coletivo estar lotado ou
não chegar no horário devido, tudo muda. Ele acordará quatro e
meia, se quiser tomar banho, o café, arrumar material e sair para o
ponto antes das seis e meia. O retorno para casa, é outra lástima.
As mulheres ainda sofrem mais, pois quando chegam em casa, ou antes
de sair, preparam alimentação, arrumam filhos, organizam o lar e
tem poucos horas de sono. O tempo para o lazer, deixa de existir, a
capacidade de pensar e executar tarefas cai e todos são
prejudicados. Menos as empresas de transporte urbano.
Segundo, com o péssimo serviço oferecido ao cidadão, quem tem
carro não utiliza o coletivo. Assim, a quantidade de ônibus e
carros nas ruas e avenidas nos horários de ida e retorno ao
trabalho, é marcado por engarrafamentos gigantescos. Sofrem todos,
inclusive o estresse para os usuários e rodoviários nesse momento,
é grande, pois o passageiro, principalmente aquele que está como
sardinha enlatada, de pé, irritar-se-á por qualquer coisa. Só quem
não sofre são os donos da empresas de transporte urbano. Como
sempre. Unindo esse problema com a falta de intervenção na rede
viária, as cidades travam. Querem mais? Durante os travamentos,
ocorrem muito mais assaltos e acidentes. Assaltos porque os
motoristas estão presos, vulneráveis. Acidentes por causa das
motocicletas, bicicletas e carros dirigidos por pessoas estressadas,
impacientes para obedecer as leis de trânsito. Caso fosse oferecido
transporte urbano de qualidade, muitos deixariam os automóveis em
casa. Se também a cidade tivesse ciclovias interligando as avenidas
de vale, ruas e não só na orla para o lazer, vários trabalhadores
(inclusive eu), iriam utilizar esse meio de transporte que é
baratíssimo, serve para movimentar o corpo e oportuniza liberdade.
Enfim, o maior exemplo de que há uma máfia onde atuam empresários,
políticos e até juristas foi o metrô de Salvador. Os prefeitos que
não investiram e nem prestaram contas das verbas federais e hoje são
protegidos pelo judiciário, só deram ao povo a opção do ônibus,
sem fiscalização efetiva e com aumento anual da passagem. Tem
usuários que acham que eles não lucram, mas calculem R$3,30 de cada
passageiro por viagem. O motorista com trânsito lento ou não, tem
que cumprir horário. Leve em conta a Quantidade X Qualidade X Preço.
É um setor extremamente lucrativo e perverso com a população. Se
não fosse, eles atuariam em outra área!
Todavia, apenas a linha 1 do Metrô de Salvador que começou a
funcionar enquanto Jacques Wagner era Governador, diminuiu bastante
os problemas da cidade. Agora, no governo Rui Costa, com a linha 2
funcionando no momento até o Iguatemi, muito soteropolitano está
deixando o carro em casa e chegando muito mais rápido no trabalho. E
diga-se, os metrôs são bem cuidados, limpos e mais seguros. Outros
também deixaram os coletivos para trás e pegam o metrô. Quando
funcionar até Lauro de Freitas, percorrer Salvador será muito mais
fácil. Então só haverá duas opções. Ou os empresários mudam a
postura em relação aos baianos, ou perderão boa parte da renda.
Porém não se espantem se o próximo candidato a concorrer ao
Governo do Estado, venha da velha linhagem que deu fim nas verbas pro
metrô e apoiado por esses donos de empresas de transporte. Essa
máfia é maior do que imaginamos. Interliga-se com Minas, terra de
Aécio Neves. Então, de olho gente. Merecemos qualidade de vida.