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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Corrupção e Psicologia: Influências históricas e sociais no comportamento humano.




Não podemos analisar as relações interpessoais na atualidade sem levar em consideração a construção histórico-cultural das diversas sociedades, o sistema socioeconômico, o desenvolvimento tecnológico e dos meios de comunicação. No mundo, em cada fato há todo um contexto e nada acontece sem construção. Nem mesmo as pessoas tem a sua subjetividade e a sua individualidade sem motivos. Se hoje vemos um país dividido diante de um fato que atinge a todos, não é sem um porquê. A corrupção é algo mais profundo do que se pensa e a Psicologia tanto explica quanto é utilizada para induzir grupos, classes a seguir ou não determinada linha. De grande importância para cada ser humano, nas mãos dos corruptos é uma arma perigosa.

Partindo de que vivemos em um sistema capitalista cujas bases são o lucro, a mais valia, a competitividade, a valorização do "ter" em relação ao "ser" e a detenção de poder, afirmo que o individualismo nasce em cada um no seio da família. Pode parecer contraditório mas desde o relacionamento de duas pessoas à chegada dos filhos, a determinação de quem manda e porque manda está presente. O homem dita as regras (que nem sempre cumpre) para suas parceiras, como fidelidade, subserviência aos ditames sociais estabelecidos e a vê como propriedade. Claro que há exceções. A mulher herda das antepassadas o ideal da submissão entre os gêneros, quais os papéis e padrões de comportamento (ainda que hipocritamente) que uma mulher deve assumir na sociedade e até a cor que a identifica: o rosa. Isso também será repassado pelo casal aos filhos. E os meninos, não tocarão na maquiagem da mãe ou brincarão de bonecas, não devem chorar, podendo serem desde cedo induzidos a manter relações sexuais e mandar nas irmãs. As meninas não jogarão bola, não calçarão o sapato do pai, ganham bonecas, fogões e panelas de brinquedo como presentes. Na adolescência devem se manter distante dos mal intencionados garotos e negar sua sexualidade. 

Na escola essa diferenciação de gênero serão repetidos. Menino que gosta de boneca , não de futebol, será discriminado. E vice-versa. Nos livros didáticos também terão o conceito do papel do pai e da mãe na família, reafirmados, ainda que sejam criados por mães solteiras ou separadas, ou por pais solteiros ou separados. Tudo isso vai sendo agregado na mente de cada indivíduo, formando sua subjetividade. Cada experiência positiva ou negativa será armazenada de forma perceptível ou não. Até a não aceitação dos valores diante das contradições visíveis entre o que se dita e o que se vê, muitas vezes, estará na semente que formará o ser. Como dizia o psiquiatra e artista plástico baiano, Luiz Fernando Pinto, todos temos uma "caixinha preta" que armazena informações que determina algumas atitudes que nem sempre sabemos explicar. 

Adicionando a relação de poder entre os gêneros ao poder de adquirir produtos e pertencer a classes sociais elevadas, trocamos o ser bom, ser amigo, ser colaborador e o senso social por ter a liderança, ter o domínio sobre outros, ter objetos diversos e muitas vezes inúteis e concorrer uns com outros, por tudo em qualquer lugar. A globalização tornou tudo isso ainda mais nítido, porque estamos muito próximas de terceiros e de informações diversificadas, como nunca estivemos. 

"A identidade é uma categoria política disciplinadora das relações entre as pessoas, grupo e sociedade, usada para transformar o outro em estranho, igual, inimigo ou exótico." (Sawaia -2004)

Ao atuarmos em sociedade com padrões estabelecidos, nosso comportamento gerará rótulos dados por outros que serão a nossa identidade. Vestir, falar, agir, escrever, padrões de beleza, nível social, leva o outro, mesmo sem querer, a querer nos analisar e carimbar. O Behaviorismo ao classificar a Psicologia como ciência do comportamento, acerta em parte porque vivemos condicionados a ter determinadas atitudes e passamos a nos comportar de acordo com elas para não sofrer preconceitos, bullying, rotulações, assédio moral. Diante dos interesses de grupos econômicos e políticos, os brasileiros sempre muito unidos, começaram a se dividir entre coxinhas e petralhas, o que interferiu em eleições, gerou divisões regionais e familiares, sendo que nem todos os fatos, até os dias atuais, vieram à tona ou foram devidamente julgados. Houve intervenção planejada para gerar essa situação e criar uma cortina de fumaça para encobrir o problema maior: a corrupção nas mais diversas escalas. Envolvendo principalmente uma parcela dos poucos que mais detém a renda do país.

Enfim, os contextos que determinam os comportamentos, subjetividade e identidade tem raízes profundas. E a sociedade atual marcada por relações de poder, aumentou o individualismo, pois os humanos concorrem para obter status, empregos e outros favores. E sendo o poder tão importante, quem pode ter não se preocupa com quem não tem as mesmas condições e a vida humana passou a valer menos do que uma moeda. A saúde pública é um exemplo disso. Dessa maneira mudamos apenas as formas de escravidão. Porém não devemos ser pessimistas, porque sempre existirão os que resistem ao que nos é imposto. E sendo identificados como problemáticos, baderneiros, insanos, etc., conseguem transformar pensamentos, comportamentos e hábitos, independente de inicialmente participarem ou não, de partidos ou organizações. Todavia, sozinhos não modificamos nada. Devemos repensar até que ponto permitiremos que nos manipulem, unindo forças, pois todo esse carnaval em torno do Mensalão (que existe há séculos nas mais diversas esferas), Lava Jato e JB não passa da ponta de um imenso iceberg onde há muito mais podridão do que imaginam os imediatistas. 

PELA UNIDADE

CONTRA A CORRUPÇÃO

PELA PRISÃO DE QUALQUER BANDIDO!